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18 de dezembro de 2011

Alfabetização precoce

Citei que era contra a alfabetização precoce no final do post anterior e algumas mães me questionaram sobre o motivo. Bem, eu sou professora de inglês, dei aulas para crianças à partir de 3 anos por mais de 18 anos e também tenho outras fontes de observação (sobrinhos, primos, filhos de amigos, etc), além da minha própria estória de alfabetização.

Partindo do significado de alfabetizar segundo o Aurélio:
"al.fa.be.ti.zar v.t.d. e p. Ensinar ou aprender a ler e escrever (com a devida compreensão do significado das palavras e do contexto). "

Nós não somos alfabetizados com certa idade, passamos sim por um processo de alfabetização que dura anos. O início desse processo com o aprendizado de letras, sílabas e palavras é que acredito ser precoce quando iniciado antes da maturidade emocional da criança, habilidade motora, e com um conhecimento geral e uma vivência de descobertas e brincadeiras sem compromisso. Ou seja, essa idade cronológica é particular de cada criança e deveria ser respeitada pelos pais e educadores. Pensando assim, prefiro a alfabetização "tardia" que hoje em dia seria entre 6 e 7 anos do que a "antecipada" entre 5 e 6 anos. Mas, como aconteceu comigo, vi que acontece também com outas pessoas, esse início de alfabetização ser natural e em casa, eu aprendi as letras e sílabas através dos produtos que via minha mãe utilizar da dispensa de casa, alimentos, produtos de limpeza, etc. Depois aos 6 anos fui para escola continuar esse processo de alfabetização. Meu receio é a imposição do início da alfabetização para uma criança ainda não preparada para esse preocesso feito de maneira formal e sem nenhuma individualização na maioria das escolas.

Pensando muito nesse assunto nos últimos dias e fazendo pesquisas sobre o tema encontrei um texto ótimo da Rosely Sayão ( psicóloga e consultora educacional, com mais de 30 anos de experiência em clínica, supervisão e docência.) que vale a pena ser lido:

"O pai de um garoto de dois anos conta que o filho já sabe o nome de quase todas as cores e também contar até doze, tudo ensinado por ele e pela mãe. O próximo passo será ensiná-lo a escrever o nome. A mãe de uma menina de quatro anos está aflita porque teve de matricular a filha em uma escola mais em conta neste ano, que não pede lição de casa nem ensina a ler e a escrever algumas palavras, como a anterior. Ela acredita que a filha irá regredir nos estudos.

Muitos pais de filhos com menos de seis anos andam afoitos para que estes se iniciem nas letras e nos números, aprendam conteúdos específicos na escola, tenham acesso a outra língua etc. Estudos mostram que essas crianças têm alta capacidade de aprender.

Muitas escolas, atentas a esse anseio, passaram a ofertar estímulos para a alfabetização precoce. Os pais, em geral, ficam satisfeitos com esse procedimento e orgulhosos das conquistas dos filhos. Mas essa atitude é boa para as crianças?

Nossa reflexão a esse respeito não pode se basear em estudos sobre vantagens e desvantagens da alfabetização antes dos seis anos. Tal discussão está posta há tempos e não permite conclusão, já que especialistas se dividem em posições opostas e se fundamentam em pesquisas científicas. Talvez o melhor caminho seja pensar em alguns efeitos da introdução precoce da leitura e da escrita.

O primeiro deles é que um bom número dessas crianças não aprende as letras e passa a apresentar o que se convencionou chamar de dificuldade de aprendizagem. Pasmem: muitos médicos têm recebido pais torturados cujos filhos com três, quatro ou cinco anos não acompanham os colegas em tal aprendizado.

Esse fenômeno ocorre porque nem toda criança se interessa por aprender a ler e a escrever o nome dos colegas ou simplesmente não está pronta para enfrentar o processo de alfabetização. Como a escola, em geral, não tem metodologia para lidar com grupos de alunos com diferenças de ritmos e de maturidade entre si, acaba por tratar a média como norma. Assim, crianças que não se situam nessa média costumam ser suspeitas de apresentar algum distúrbio de aprendizagem.

O segundo efeito da alfabetização precoce é que ela contribui para o desaparecimento da infância. Que crianças pequenas já carreguem grande parte do peso do mundo adulto porque não conseguimos mais protegê-las dele é fato. Mas colocá-las intencionalmente nesse mundo é bem diferente.

Até os seis anos, o mais importante é brincar livremente para desfrutar o que pode da primeira infância, que dura tão pouco. Claro que algumas se interessarão pelas letras espontaneamente. Que isso seja tratado como brincadeira, então. Acelerar a aprendizagem na esperança de uma melhor formação para o futuro é ilusão e equívoco de nossa parte.

Cabe aos pais e às escolas a defesa intransigente do direito que a criança tem de ter infância, já que tudo o mais conspira para o desaparecimento dessa fase. Nossas escolhas mostram se realizamos isso ou não."

10 comentários:

  1. Concordo com você. Muitos pais se preocupam em adiantar essa fase nos filhos.
    Como eu tinha dito no comentário do outro post, eu fui alfabetizada em casa, aos 5 anos. Mas teve um contexto diferente do de "pular" fases. Eu pedi para aprender, porque estava cansada de sempre pedir que meus pais e tios lessem as revistinhas pra mim. Eu queria ler eu mesma, quando eu quisesse, sem ter que esperar algum adulto fazer isso por mim. Como eu aprendi a ler antes, e queria muito ir para a escola, acabei ingressando na 1ª série com 6 anos. Naquela época, houve a maior burocracia para efetivar a matrícula, uma vez que eu não tinha feito pré-escola e nem tinha idade para 1ª série. Muitos educadores duvidaram da minha capacidade. Alguns disseram que eu iria bem até a 4ª série e depois não iria conseguir acompanhar. Mas eu nunca tive dificuldades para acompanhar, ou para aprender. Claro que em alguns aspectos eu ainda não estava pronta. Eu não sabia como me comportar na sala de aula... sempre que eu terminava a atividade, saía andando pela sala como se eu fosse professora. Mas eu fui me ajustando aos poucos.
    Eu acredito muito no que fala o texto da Rosely, principalmente quando ela diz "colocá-las intencionalmente nesse mundo é bem diferente". Comigo não foi intencional. Partiu de mim e eu tive todo apoio que necessitei dos meus pais.
    Acho que cada um tem seu tempo para aprender, e devemos respeitar esse tempo. A infância é uma fase tão gostosa da vida e não deve ser apressada, mas aproveitada.
    Adorei o post, Andrea. Saudades suas! beijos

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  2. Eu sou contra forçar a criança a aprender algo.
    Acho que com nossos filhos observamos que eles tem maior facilidade para aprender algo, etc. E é bacana trabalhar isso, motivar, independente da idade.
    Porém sou totalmente contra por exemplo, ensinar inglês para uma criança que esta sendo alfabetizada, não vejo motivo. Claro a criança está na melhor fase de aprendizado, porem, ela não compreende a própria lingua ainda, entao acho desnecessário.


    Um dia parei em um blog com " tecnicas para ensinar seu filho a ler" coisas como fazer cartaz gigante com uma palavra e fazer o filho aprender. Pra mim, é decoreba. No caso, a moça estava tentando ensinar a filha de três anos.

    Senti dó.

    Pra que gente? Pra falar " olha minha filha tem tres anos e sabe ler"


    pfff...


    Beijos

    http://parabeatriz.blogspot.com

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  3. É engraçado como no fundo, todos os pais querem sim ver o filho desenvolvendo e sendo o primeiro da turma.
    Mas tem coisa que a gente quer que aconteça logo, e acaba mesmo pulando fases, ou pior, diminuindo a infância dos filhos.

    Eu morro de saudade da minha infância, e desde que terminei o ensino médio e entrei pra faculdade que eu me vi nessa quase nostalgia. E assim, eu cheguei a conclusão que na verdade quero prolongar a infância e a inocência da Lara mais e mais!

    Quando eu estava procurando uma escola, procurei alguma com didática bacana, mas no fundo não parei pra pensar nisso. E agora, serviu de dica, porque eu vou procurar uma escolinha que desenvolva a coordenação, a criatividade, e não aquela área "acadêmica", digamos assim!

    Como antes dos 3 anos principalmente, elas estão aptas a aprender e absorver mais, que ensinemos a dizer por favor, desculpa e obrigada; a cuidar do meio ambiente; a ser gentil com os animais e com o próximo; a brincar, se divertir e a ser a melhor pessoa do mundo! Melhor que ensinar a escrever o nome, né???

    Beijo!
    (meu comentário dá até um post hein! hahaha)

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  4. Eu acho q não se deve adiantar e sim estimular o que é de interesse da criança. Meu filho estuda em escola pública, entrou na escola com 5 anos recém completados já que faz aniversário em dezembro, antes de matricular ele no primeiro ano, perguntei para a professora da creche, se ele não era muito novo, ela me disse que ele acompanhava bem a classe e que aqueles alunos que não fossem interessados e/ou não tivesse acompanhando espontaneamente o começo da alfabetização, ficaria mais um ano ali, eu perguntei para o Ad o que ele achava e ele me disse que queria muito ler pra eu dormir, então não vi nada de mal, o que eu acho que não se pode fazer tempestade em copo d'agua pq uma criança de 5 anos não sabe ler né? Bjk e boa semana.

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  5. Andrea, sou da sua mesma opinião, vc sabe! Acho horrível o que fazem das crianças hj em dia...mini adultos, cheios de responsabilidades e aulas extras, cobranças para saberem as coisas...o ó. Eu quero que a ísis brinque, e brinque muito, e só lá pelos 6 ou 7 anos comece o processo de alfabetização. Mas se vc fala isso num grupo de pais, o povo te olha até com pena!
    Beijos,
    Nine

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  6. amiga vou pegar um aviao e ir ate vc p dar os parabens pessoalmente, juro, vc fez um post q p muita gente sera um tapa na cara daqueles ardidos.
    To cansada de ver maes q pensam q criança nao se estressa e nem tem obrigaçao de cumprir certas regras e tarefas.
    Me diz se posso pq vou roubar seu post la p blog.
    bjs

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  7. Dea, fiquei até emocionada com o seu comentário, use e abuse do post, acho bom pq tem gente que faz as coisas sem pensar mesmo, por não se informar, e pode ser útil para abrir essas cabecinhas...outros são teimosos e nem adianta discutir mesmo,
    bjs

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  8. um tema bem interessante,boa semana!
    beijos

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  9. Olá querida!!! Não se se você lembra o horror que vivi com Bebel, no antigo colégio em que ela estudava, por conta da alfabetização precoce. Na época escrevi sobre isso no blog.
    Bebel tinha 3 anos e a professora estava ensinando a escrever em letra cursiva. Obrigavam a fazer caligrafia, prova e cobrir 20 vezes cada letra. Imagine o absurdo! Isso estava afetando até a saúde dela. Vivia vomitando, sem querer comer. Chorava muito pra não ir a escola. E a professora ainda dizia que era culpa minha, pois ela era muita apegada comigo!!!
    Me preocupei tanto, que tirei Isabel da escola antes do meio do ano. Ela ficou quase um mês sem estudar antes das férias do meio do ano. Depois vieram as férias e ela só voltou a estudar em agosto. Escolhi outra história depois de um imensa maratona (coisa que eu já tinha feito na escolha da primeira escola), onde aprendi a fazer as perguntas certas. Com que idade eles começam a aprender formalmente as letras? A escola utiliza atividades de cobrir? Tem cartilha? Com que idade aprende as letras cursivas? Escolhi uma das escolas em que tudo isso acontecia mais tarde.
    Além disso, ainda atrasei Bebel de turma. Ela estava no Jardim I, e a matriculei na nova escola de novo no Maternal II, Prefiro atrasada (se é que isso é verdade), que adiantada, cheia de paranóias e estressada.
    E, por incrível que pareça, tudo isso acelerou o aprendizado dela. Na paz e sem pressões, ela começou a gostar de aprender. Aprendeu sozinha todas as letras do alfabeto. Me perguntava, eu respondia. Começou a escrever o nome das pessoas da família. E, como sempre amou ler, já tenta ler as letras de seus livrinhos!
    Vou até escrever sobre isso lá no blog. Mas, descobri que sem pressões, com prazer e de forma natural e lúdica, as crianças aprendem muito mais e melhor!!
    Sempre fui contra a alfabetização precoce. E atualmente sou RADICALMENTE CONTRA!!! Isso é maluquice de mães que querem usar seus filhos pra competir com os outros!!
    Bjos!!
    Juliana Almeida
    www.blogdabebel.com.br

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  10. Olá sou mãe e educadora!
    Estou cursando licenciatura em pedagogia.
    Vejo que essa discussão entre alfabetizar precocemente e não alfabetizar precocemente vai longe.
    O que acontece na maioria das vezes é que professoras tratam o s alunos como robos querendo que todos eles aprendam igual, querem que todos gostem do que ela faz.
    Porém sempre vai haver diferenças no desenvolvimento deles, e isso deve ser levado em consideração.
    Não tentamos novas técnicas, nem aprimoramos as que tinhamos.
    Eu concordo com a alfabetização precoce (antes) dos seis anos. E antes que me critiquem, há estudos que comprovam a eficácia dela. No EUA crianças com sete anos para serem consideradas alfabetizadas devem construir uma redação com um número específico de linhas e um texto com significado e coerência, se não não são consideradas alfabetizadas. Por isso é um pais de primeiro mundo.
    Porque no Brasil encontramos jovens se formando no ensino médio sem saber ler um texto fluentemente?
    É porque a lafabetização não é levada a sério, em vez de discutir qual é a idade certa para se alfabetizar, devemos pensar em como vamos alfabetizar.
    vejo pais preocupados com a educação de seus filhos mas não incentivam a professora deles. Pais também podem auxiliar o sprofessores na alfabetização. É só tirar 15 minutos do seu precioso tempo para brincar com seu filho, cantar uma música que ele gosta pintar desenhos com ele, contar uma história e porque não fazer uma atividade com ele, tem tantas na internet porque esperar que a professora faça tudo se você também pode ajudar. Principalmente quando seu filho tem dificuldade na escola, nós pais dvemos nos lembrar que alunos são temporários, mas filhos são para sempre

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